sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Tenho preguiça...



E aí tenho preguiça do que não mexe com todas as células do meu corpo, de quem não brinca com a adrenalina, porque quando não é assim, pra que sair do comodismo? Eu tenho repulsa por tudo que pareça mecânico e tenha cheiro de passageiro. Claro que tenho futuros breves, mas quando se trata do meu coração, futuros breves não passam de uma coceguinha temporária, que quando passa o efeito, deixa a impressão de uma solidão ainda maior do que antes.

Só me envolvo quando sinto cheiro de futuro. Mas ainda estou apurando meu olfato, enquanto isso, minhas esperanças morrem lentamente com uma espécie de vírus desconhecido, sem cura. Mas nem com essas e outras, consigo deixar de levar o amor a sério. Com o passar dos anos, fui me descobrindo uma eterna romântica enrustida. Não sei ignorar véu e grinalda se não for na igreja. Nada daqueles sonhos que todo mundo tem com 15 anos: Casar na praia, tomar um porre e parar numa ilha deserta. E o relógio biológico torna-se cada vez mais insistente! Planejo filhos, nomes e tudo que eles possam aprender comigo.

Se pudesse dar um conselho para todos os corações partidos (ou até mesmo pros inteiros que ainda podem se quebrar) seria: Não acreditem nesses contos de fadas ou revistas femininas que insistem que todos nós só temos um amor. Sempre vai existir uma saudade diferente de cada pessoa que passou pela nossa vida. Sempre vamos ser capazes de amar de novo e de inúmeras maneiras inusitadas. Como Marilyn Monroe dizia: "Os homens que pensam que uma mulher com um passado amoroso diminui o seu amor por eles, geralmente são estúpidos e fracos. Uma mulher pode trazer um novo amor a cada homem que ama, desde que não existam muitos. "



quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010




Eu sempre temi contar os meus medos para qualquer pessoa. Acredito que nossos pontos fracos devem ser escondidos até o último instante e só devem ser revelados sob tortura, mas o que fazer quando tudo sai o contrário do que sempre planejamos de maneira fria e calculista? As pessoas sentam em roda para discutir minha vida amorosa e mando todos calarem a boca, do jeito mais grosseiro e confiante possível, como se eu soubesse todos os passos que estou dando e por isso, não dou a mínima pra opinião de todos eles. O que fazer quando todos te julgam sem orgulho ou amor próprio só porque você faz questão de lutar por quem ama? O que fazer quando colocamos uma pessoa em primeiro lugar e deixamos de lado nossas vontades e exigências?

Eu sempre tive um medo absurdo de magoar as pessoas de que gostava. Me desdobrava, me descabelava, mantendo sempre um sorriso confiante no rosto, como se não estivesse fazendo quase que nenhum esforço para agrada-lás. E de nada valeu a pena. Aquela história de que devemos ser o que queremos pra nós, apesar de todo o resto, é a maior verdade que poderiam ter dito por aí. Mas quando é que vamos nos conformar que dificilmente encontraremos pessoas iguais a nós?

Cuido para que todos os meus passos sejam mantidos na linha enquanto estou aqui. Sozinha e fria, por dentro e por fora. Me olho no espelho e parece que é, cada vez mais, claro. Eu já consigo ver menos tristeza no meu olhar. Óbvio que às vezes, acordo como uma criança assustada no meio da noite, e novamente, minha visão se torna turva e perdida. Mas é somente questão de momento. Trata-se apenas de ventos inesperados, cheios de lembranças que ainda machucam. E toda vez que alguém insiste em me fazer um carinho mais demorado, eu me isolo num canto qualquer para chorar. Desaprendi a lidar com o compromisso de ser importante para alguém.

E lá estou... Em silêncio, retocando cada centímetro de rosto para esconder cada milímetro de alma machucada. Não é assim que fazem? Não é assim que ensinam em todas as revistas femininas? Ensinando todos os dias que as mulheres não devem ter coração, devem apenas ter inúmeros homens sem qualquer futuro atrás, para que o ego seja sempre massageado e se mantenha inflado. E no final das contas, acabamos sempre mais solitárias do que antes de entrar nesse jogo doentio. Terminamos com um olhar fixo direcionado para o nada, pensamentos vazios, café e com uma mistura de cheiros desconhecidos, de homens que nunca mais veremos. Nesse momento me pergunto: Quando é que valeu a pena não ser de ninguém?



terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

ESMALTES E UM BURACO VAZIO

Ando insatisfeita com esmaltes. Troco de esmalte duas vezes por semana e quero comprar uma cor nova cada vez que pinto as unhas. E nunca acho a cor certa que estou procurando. Na verdade, troco tanto porque não sei qual cor estou procurando. Ando insatisfeita com esmaltes. Ando insatisfeita com esmaltes, com hidratantes perfumados e comigo mesma. Ando comprando coisas inúteis demais. Comprando coisas demais pra preencher um vazio interno que não precisa de esmalte, de hidratante perfumado ou de nenhuma outra coisa que se possa comprar pela internet.

Dizem que a solidão é o mal do século. Eu concordo. Solidão é ter amigos, ter um namorado, ter uma família linda, ter milhares de admiradores. E não ter a si mesma. Solidão é viver numa sociedade cada vez mais superficial, cada vez mais consumista, que julga as pessoas pela aparência e pelo tanto de dinheiro que elas têm. Solidão é o que move a internet hoje – e sempre. Solidão é a única razão pela qual os Orkuts, Facebooks e Twitters da vida se popularizam cada vez mais. Queremos amigos, queremos mensagens fofas, queremos depoimentos que dizem pro resto do mundo o quanto somos lindos, cheirosos e bem amados. Queremos mostrar fotos das viagens pra Europa, queremos mostrar fotos com trinta amigos diferentes, queremos mostrar foto do namorado novo da semana, queremos mostrar fotos da nova melhor amiga de infância que acabamos de conhecer, queremos que o mundo saiba que somos amados. Queremos admiração. Queremos falar, o tempo todo, que temos amigos, amor e dinheiro. Mostramos (ou, pelo menos, tentamos mostrar) pro mundo que somos a estampa ideal, quando, na maioria das vezes, a viagem pra Europa foi financiada em mil vezes ou foi paga pela empresa, os trinta amigos da foto só são amigos na hora da foto e não são pessoas que se importam de verdade no dia-a-dia. E os novos amores se vão a cada semana.

Queremos ter mil amigos no Orkut, mas não achamos companhia pra assistir um filme no cinema quarta-feira à noite. Queremos nos comunicar com todo mundo do Facebook e “reativar” amizade com pessoas com as quais mal falávamos “oi” dois anos atrás. Damos bom-dia no Twitter (um negócio onde se fala sozinho) e não damos bom-dia pro vizinho no elevador. Adicionamos Deus e o mundo no maldito MSN pra termos companhia e não perder o contato com aquela pessoa tão querida e amada com a qual trocaremos três frases ao longo do ano. Pessoas verdes online com as quais mantemos relações virtuais 24 horas por dia. Tudo muito superficial. Tudo muito virtual. Tudo fruto da nossa maldita carência, tão maldita quanto essas relações virtuais infundadas. Precisamos nos afirmar pro mundo e pra nós mesmos. Precisamos nos encaixar nos padrões atuais de pessoa bem-sucedida e amada pra sermos aceitos.

Mas o vazio está lá. Nas tardes de domingo. Nas compras virtuais cujo encantamento acaba assim que o produto chega à nossa casa. Esperamos encontrar a felicidade no Macbook novo, no celular com mil funções que não toca, nas novas cores de esmalte que são lançadas toda semana, nos hidratantes perfumados, nos xampus caros. Compramos pra ter companhia. Compramos pra preencher um vazio interno. O mesmo vazio que tentamos preencher com amigos virtuais, relacionamentos virtuais e mentiras virtuais. Tapamos o sol com a peneira. Tapamos nossos buracos com relacionamentos que não existem. Despistamos nossa carência aguardando um produto chegar pelo correio. Nos tornamos tão superficiais quanto nossos relacionamentos virtuais. Nos tornamos tão efêmeros quanto os esmaltes da cor da moda. E continuamos nos sentindo vazios. E trocando a cor do esmalte a cada semana.

Brena Braz
http://ateondevai.blogspot.com/

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Eu sei meu bem, ninguém é perfeito e a vida é assim.

Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto. Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E que muitas vezes é preciso "quebrar as regras" para conseguir ser feliz. Não importa o que a sociedade diga, "quebrar as regras" não é errado! E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém.

Martha Medeiros

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Preciso aprender....

Eu preciso aprender a ser menos.
Menos dramática. Menos intensa. Menos exagerada.
Alguém já desejou isso na vida: ser menos? Pois é. Estranho.
Mas eu preciso. Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento, me dê uma droga forte para tranqüilizar a alma.
Porque eu preciso. E preciso muito.
Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar em mim mesma.
Eu preciso respirar. Me aperte o pause, me deixe em stand by, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó.
Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda.
Aonde está a placa de PARE bem no meio da minha frase?
Confesso: eu não consigo.
Nada em mim pára, nada em mim é morno, nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho que se abre e me chama.
E eu vou... Com o coração na mochila, o lápis borrado, o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou... Não digo: "estou indo", não digo: "daqui a pouco", nada tem hora a não ser agora.
Existe aí algum remedinho para não-sentir?
Existe alguma terapia, acupuntura, pedras, cores e aromas para me calar a alma e deixar mudo o pensamento?
Quer saber? Existe.
Existe e eu preciso.
Preciso e não quero.

Fernanda Mello