segunda-feira, 30 de novembro de 2009

"Hoje acordei inteira. Migalhas? Pedaços? Não, obrigada. Não gosto de nada que seja metade. Não gosto de meio termo. Gosto dos extremos. Gosto do frio. Gosto do quente (depende do momento.) Gosto dos dedinhos dos pés congelados ou do calor que me faz suar o cabelo. Não gosto do morno. Não gosto de temperatura-ambiente. Na verdade eu quero tudo. Ou quero nada. Por favor, nada de pouco quando o mundo é meu. Não sei sentir em doses homeopáticas. Sempre fui daquelas que falam "eu te amo" primeiro. Sempre fui daquelas que vão embora sem olhar pra trás. Sempre dei a cara à tapa. Sempre preferi o certo ao duvidoso. Quero que se alguém estiver comigo, que esteja. Mesmo que seja só naquele momento. Mesmo que mude de idéia no dia seguinte."

Fernanda Mello

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"...Sigo a vida conforme o roteiro, sou quase normal por fora, pra ninguém desconfiar. Mas por dentro eu deliro e questiono. Não quero uma vida pequena, um amor pequeno, um alegria que caiba dentro da bolsa. Eu quero mais que isso. Quero o que não vejo. Quero o que não entendo. Quero muito e quero sem fim. Não cresci pra viver mais ou menos, nasci com dois pares de asas, vou aonde eu me levar. Por isso, não me venha com superfícies, nada raso me satisfaz. Eu quero é o mergulho. Entrar de roupa e tudo no infinito que é a vida. E rezar – se ainda acreditar – pra sair ainda bem melhor do outro lado de lá."

Fernanda Mello

sábado, 21 de novembro de 2009

"Ela também teve seu coração machucado. Dilacerado, imagino. Normal. Desse mal, meu bem, ninguém escapa. Mas o bom disso tudo é que agora consigo abrir meu coração sem rodeios. Sim, amei sem limites. Dei meu coração de bandeja. Sim, sonhei com casinhas, jardins e filhos lindos correndo atrás de mim. Mas tudo está bem agora, eu digo: agora. Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas, Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!"

Fernanda Mello

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

"Vem cá. Me dá aqui a sua mão. Coloca sobre meu peito. Agora escute. Olha o tumtumtum. Você pode me ouvir? É pra você, seu besta! É por você que meu coração bate! (Ele, que de tanto bater, parou sem querer outro dia). Posso confessar? Jura que vai acreditar em mim? A verdade é que estou de saco cheio de histórias românticas. Meus casos de amor já não têm a menor graça. Será que você me entende? Eu não escrevo porque vivo amores cinematográficos e quero contar pro mundo. Não!! Eu escrevo porque eu sou uma maluca. Minha vida é real demais. Um filme B pra ser mais exata. E eu não acho graça em amores sem final feliz. Por isso, invento. Pro sangue correr pelas veias, pra lágrima cair dos olhos, pra adrenalina sacudir o corpo. Eu invento amores pra ver se eu acredito em mim. (Acredita?). Mas hoje eu estou cansada. Estou cansada de mentiras, de realidade, de telefone mudo e de músicas sem letra.(...)
(...)Me deixa ser egoísta. Me deixa fazer você entender que eu gosto de mim e quero ser preservada. Me deixa de fora de suas mentiras e dessa conversa fiada. Eu sou uma espécie quase em extinção: eu acredito nas pessoas. E eu quase acredito em você. Não precisa gostar de mim se não quiser. Mas não me faça acreditar que é amor, caso seja apenas derivado. Não me diga nada. (Ou me diga tudo). Não me olhe assim, você diz tanta coisa com um olhar. E olhar mente, eu sei! E eu sei por que aprendi. Também sei mentir das formas mais perversas e doces possíveis. (Sabia?) Mas meu coração está rouco agora. GRAVE! Você percebe? Escuta só como ele bate. O tumtumtum não é mais o mesmo. Não quero dizer que o tempo passou, que você passou, que a ilusão acabou, apesar de tudo ser um pouco verdade. O problema não é esse. Eu não me contento com pouco. (Não mais). Eu tenho MUITO dentro de mim e não estou a fim de dar sem receber nada em troca. Essa coisa bonita de dar sem receber funciona muito bem em rezas, histórias de santos e demais evoluídos do planeta. Mas eu não moro em igreja, não sou santa, não evoluí até esse ponto e só vou te dar se você me der também."

Fernanda Mello

domingo, 15 de novembro de 2009

::: Ocupado :::

-Alô...
-Alô?
-Oi, é a Verônica.
-Verônica? Que Verônica?
-A Verônica... Não sei, cara... Qualquer uma.
-Como qualquer uma? Eu te conheço?
-Qual o critério de conhecer? Você já sabe meu nome...
-Moça, você tá bem? Com quem você quer falar?
-Não sei...
-Não sabe o quê?
-Se eu tô bem... Com quem eu quero falar...
-Olha, eu vou desligar que eu tenho mais o que fazer...
-Espera!
(silêncio)
-Tô esperando, você vai falar mais alguma coisa?
-Não.
-Então eu vou desligar.
-Não, não desliga. Então eu falo.
(silêncio)
-Olha, eu realmente não tenho tempo pra essas coisas, se você não tem mais nada pra me dizer, tô desligando.
-Eu tenho. Tenho um milhão de medos presos aqui nessa linha. Se você desligar, sua vida vai seguir. A minha vai ficar contida nesse aparelho eletrônico. Eu já sou contida de tantas maneiras... Na verdade eu só queria te dizer que por mais que o tempo passe, não consigo preencher meus buracos. Eu olho em volta e não procuro nada. Só porque eu sei que não há nada. Só porque eu sei que o nada que eu quero tá longe de mim. É tudo um enorme, frio e presente nada. Um vazio do tamanho da minha quase existência. Eu quase existo, sabia? Afinal, quem existe por inteiro? Eu não. Eu sou metade amada (porque ninguém me assume por inteiro); metade interessante (porque assusto quem eu quero aproximar e frustro os que ignoram minha muralha); metade culpada (porque ninguém tem obrigação de me amar de verdade quando eu crio bloqueios tristes e vazios). Se você quiser desligar, tudo bem. Eu só tava fazendo drama. Claro que eu vou sobreviver, né? Nunca precisei de uma ligação pra me manter inteira. Mas me diz, e você, tá bem?

Verônica H.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

::: Sentir-se Amado :::

O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama.

Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.

Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se

A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também?

Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.

Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. "Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho".

Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato."

Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro.

Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.

Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.

Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo.

(Martha Medeiros)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Além de tudo

Amor, pra mim?
Amor vai além do que você acha, ou diz que acha.
Amor independe de ser a dois, a três ou a um.
Amor é um despertar, uma exalação do que tava dentro de ti.
Amor está acima de tudo, de cor, de números, de homem ou mulher.
Amor é uma coisinha que tá lá dentro e se manifesta na presença de alguém, de algo...
Amor é puro, sem interesse, é bom.
Amor é a base, é um querer bem...é liberdade.
Amor é um não sei o que...um eterno paradoxo.
Amor independe dos outros para acontecer,
amor não tem hora pra chegar e nem hora pra dizer adeus.
Amor te faz rir, te faz sentir uma euforia exorbitante, te faz chorar de felicidade.
Amor vai além dessas explicações, além de tudo que eu creio...
Amor é amor e pronto, sem precisar de palavras para tentar enquadrá-lo.
Amor é o topo, é o ápice...é tudo aquilo que nunca conseguirei traduzir a essência em linhas.
Amor eu tento explicar, amor eu sei que sinto.
Amor é te libertar e te ver feliz independente de tudo, é querer te ver bem...
E eu torço para que um dia todos sintam esse amor,
esse amor puro que me veio agora, nesse momento.
Que todos entendam um dia um pouco do que é o princípio do amor...e que sintam o amor pulsando dentro de você, despertando, sorrindo...
Não falo do amor de homem e mulher, de mãe, fraternal ou amor próprio...
Falo apenas do amor, sem subdivisões, sem classificações...amor puro, amor base, amor simples.
...amor, somente!
(Tornar o amor real é expulsá-lo de você,
Prá que ele possa ser de alguém! -Nando Reis-)

(Hosana Lemos)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

::: Quero ser Verônica. :::

Quando eu me vejo assim, pequena e oprimida, não sou Verônica.

Aliás, nesses casos, Verônica me olha com desprezo e ri. Abaixou a cabeça mas uma vez, idiota. Nunca vai ser igual a mim.

Verônica é fria e se rebela. Não aceita ordens se não concordar com seus motivos, questiona e argumenta pra conseguir o que quer. Eu não. Fico calada e dou razão. Perco oportunidades pra manter a paz. Ao caralho com a paz. É de mentira mesmo. É uma hipocrisia filha da puta. É harmonia fingida e exigida pelas aparências.

Verônica me ensinou a falar palavrões. Alivia. Ensinou a reclamar, mentir, atuar, seduzir. Só falta colocar o aprendizado em prática. Só falta agir sem me esconder nesse nome.

Sou Verônica no grito. Quando não pergunto antes de fazer. Quando me acabo de dançar e bebo mais que um copo. Sou Verônica sorrindo, quando pouco me importo com a opinião dos outros. Verônica me toma nos braços quando minto meu nome, idade e profissão só por diversão. É uma fora da lei. Despedaça corações e sorri experiente enquanto eu me culpo por fazer alguém sofrer mais uma vez.

Verônica escreve, atua, fotografa, dança, canta. E eu a invejo. Ela vive num lugar quentinho e seguro dentro de mim e só aparece quando quer. Ela só fala o que quer e só convive com quem gosta. Não tem obrigações nem escrúpulos, não sofre e não engole sapos. Não aceita desaforos de ninguém. Quando ela aparece me dá forças e quando vai embora me deixa jogada. E eu a invejo. Porque no fundo eu sei que eu projetei minha verdade numa personagem que é tudo o que eu tenho medo de ser.

Verônica H.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Férias


Estou tirando férias de mim. Férias das dúvidas que me derrubam, das ilusões que me levantam, porque tudo isso é muito temporário. E viver assim de pouquinho, sem nenhuma fixação, às vezes cansa. Esperar cada novo dia, cada novo olhar pra saber se posso ser feliz, não me faz feliz de verdade. Um sorriso e o balanço do dia é positivo, posso dormir à noite. Um cumprimento não correspondido e acho que tudo está errado. Mas se eu fico tão bem quando não dependo de opiniões, ações, gestos, por que insito em deitar nos braços do mundo e me deixar abater?

Não existe ninguém que pode me fazer mais feliz hoje e ter essa consciência muda o humor, muda a disposição, muda as vontades. Sabe o que é? As pessoas não me fazem bem, minha idealização delas me engana por um tempo, mas saio fatalmente mal das relações que eu invento. Então por que não me curtir um pouco - me sentir mais leve, mais bonita, mais interessante, já que o fantasma da obrigação de agradar não está me seguindo? Essa é uma daquelas fases de sorrir e não querer saber o motivo, de férias mesmo. De tudo que eu me cobro todos os outros dias do ano, depois me cobro por não ter tempo de cumprir.

Eu cansei de não me satisfazer comigo, não me guardar pra mim. De estar sempre escorrendo, vazando pelas beiradas. De precisar de opinião alheia por ser tudo ao mesmo tempo e esperar reconhecimento por isso. É tanta coisa aqui dentro, tanta coisa que eu tento melhorar e aprender todos os dias, que eu conto toda minha vida pra quem eu acabo de conhecer e fico chateada quando não me dão o valor que eu penso merecer. Mas ei, qual o problema? Nem todo mundo acha que ler e escrever (além do sentido banal de ler e escrever), é interessante. Nem todo mundo precisa saber que uma clave de sol não é um S, nem um G, e deduzir que eu gosto de música só de olhar pra mim. Não adianta chegar numa festa cheia de barulho e gente e querer conversar, achando que antes do cara sugar um pouquinho da minha alma, deve saber que eu não sou umas dessas mulheres vazias, sem uma alma para ser sugada. Tem mais que vento dentro de mim, mas isso é meu. Não faz diferença eu agir como uma pessoa superficial e querer explicar pra todo mundo que eu não sou. Sempre me arrependo de sair, ir a lugares que não têm nada a ver comigo. Mas eu tenho essa necessidade fútil de ser vista. Quando eu me escondo em casa, me sinto anulada. Preciso da opinião dos outros, de elogios. Quando alguém mostra que se lembrou de mim, adoro. Se diz que sentiu minha falta, tenho mais motivos pra sorrir. Quem precisa saber? Por que é que eu me importo com quem não me conhece?

E hoje não vou fazer isso. Não vou ceder, não vou me preocupar. Vou entrar em férias de mim, balancear os pneus, checar o óleo. Vou me amar. Pra depois tentar, quem sabe, amar alguém.

Verônica H

domingo, 1 de novembro de 2009

E então?

Fala o que queres de mim...
Tirar minha sanidade?
Embaralhar minha cabeça ao ponto de eu perder o senso da razão?
Decida-se, me ama ou me deixa.
Só imploro que não me abandone à dúvida, que não me dê brechas para um 'e se...'
Explique-me, esclareça, ponha tudo em pratos limpos...
Um basta definitivo, um ponto final nítido.
Essa dúvida me mata, esse jogo de paradoxo acaba comigo...tuas antíteses me ferem e me corroe por dentro.
Diz uma coisa e fazes outra...a cada volta no relógio um novo humor, a cada conversa uma nova opnião, a cada encontro um desentendimento, uma confusão, um mártire.
Me liberta, me solta, me deixa ir se assim for...mas não deixe-me acorrentada as tuas dúvidas, as tuas inconstâcias, a você!
Decida-se e me diga, eu preciso voltar a viver...preciso voltar a ser quem eu sou.
Não tenho medo de teu 'não'...o que me assombra é a incerteza de teu 'talvez'.
Só te peço a verdade, e que se essa verdade vier para doer, que doa!
Me diz o que tiver a me dizer, me mostra o que tens a me mostrar...
Fala o que talvez eu não queira ouvir, mas só te peço que me dê o breve e doce gosto da certeza.

(Hosana Lemos)